28 de maio de 2012

Black N Blue 2012 (NYC)



Mais um ano e lá estava eu em Nova Iorque, para novamente presenciar mais uma edição do Black N Blue e pedir minha namorada em casamento, pois é estou noivo! Pelo visto terei que ir todo ano, afinal o line up sempre apresenta algumas surpresas imperdíveis. Sem muita enrolação sobre o restante da viagem, vou direto ao show, que é o que interessa.

19 de Maio de 2012, cidade de Nova Iorque. Cheguei um pouco atrasado ao tradicional Webster Hall e já estava tocando a quarta banda. Infelizmente perdi a apresentação do King Nine, Born From Pain e First Blood. Ao entrar no pico do show, estava no palco os vizinhos de New Jersey, Suburban Scum. Pra quem não conhece a banda vale a pena dar uma conferida, os muleques estão fazendo seu nome na cena norte americana. Pra ser sincero não prestei muita atenção na apresentação do Suburban Scum, pois eu estava doido olhando os merchandise, sempre tem bastante coisa.

Em seguida e sem demora nas trocas de bandas, entram os maloqueiros (esses realmente merecem esse apelido) do Rotting Out. Pra mim eles são "filhos" inegáveis do Suicidal Tendencies, tanto em som quanto em presença no palco. O vocalista é um espetáculo a parte, realmente sabe como fazer a molecada se mexer no mosh/circle pit.

A banda seguinte, com o nome Minus 1 no telão ao fundo, apresentava o primeiro vocalista do Merauder (o próprio Minus), da demo de '93, com outros antigos membros da banda, os caras realmente conseguiram agradar todos os hardcore e metaleiros ali presente. Obviamente que o "Master Killer" foi  mais vibrante por parte do público.

Representado o Old School vindo de Boston, entra no palco o DYS, clássica banda straight edge dos anos 80. Apesar de eu estar ansioso pra ver os caras, percebi que não era uma banda muito requisitada pelo público, aliás isso foi o que mais me intrigou nesse Black N Blue e cheguei a conclusão de que a grande maioria do publico juvenil ali era pra ver, obviamente, o Rancid. Foi legal ver o show do DYS, que fez uma apresentação rápida tocando principalmente os sons do Wolfpack.

Hazen Street

Pra quem estava no Black N Blue pra ver o Rancid com certeza a próxima banda, Hazen Street, também agradaria, apesar de muita gente não conhecer. Pra quem não sabe Hazen Street é uma "brincadeira" melódica formada por, nada mais nada menos, Freddy Cricien (Madball) e Toby Morse (H2O) revezando nos vocais, Rusty Pistachio (H2O) e Brian Daniels (Madball) nas guitarras (eu não sei se eles tocaram somente esse show, pois na formação original do Hazen Street não são eles e sim David Kennedy que já tocou em bandas como Box Car Racer e Over My Dead Body), Hoya (Madball) no baixo e Mackie (Cro-Mags) na bateria. O show foi bem legal e agradou e muito pra quem conhecia. Todos dançando, pulando e cantando todos os sons, provavelmente tocaram todos do único CD que a banda tem. Impossível ouvir esses sons e não lembrar dos churrascos com meus parceiros da PFC no Brasil, saudades seus porra!

Sai Hazen Street, entra os dinossauros The Mob, que pelo visto os caras estão fazendo uns shows por "aqui" e outro "lá". Mesmo caso do DYS, pouca gente curtindo o show dos caras, mas valeu a aula de hardcore dos "velhos" (estão aparentando bastante).

James Vitalo (Backtrack) nos vocais do Outburst
Próxima banda: OUTBURST. Em letras garrafais pra mim que estava muito ancioso pra ver este show. Brian, vocalisa original da banda, não estava presente mas James Vitalo (Backtrack) deu uma "força" nos vocais e Mike Dijan (atual SAI NAM e já passou por bandas como Breakdown, Skarhead e Crown Of Thornz) na guitarra. Os caras fizeram um set list bem foda! "When Things Go Wrong", "No Choice", "Thin Ice" dentre outras foram tocadas. Claro que fecharam a apresentação com "The Hardway". Porém, venho por meio deste deixar minha visão sobre o show que infelizmente eu esperava mais, muito mais. Sem querer criticar James Vitalo, afinal gosto muito do Backtrack, mas o "menino" não aguentou nos vocais do Outburst. Explico: O vocal "meninão" de Vitalo, ao meu ver, não foi suficiente pra mostrar a fúria do Outburst, não passou o peso e maloqueragem que deveria. Como eu e meu amigo Pinguim comentamos, talvez se o próprio Lord Ezec (que gravou a versão de The Hardway no ultimo album de covers do Skarhead) soaria bem melhor. Mas, valeu a experiência.

Youth Of Today! Mais um vez tive a oportunidade de ver um dos reis do "Youth Crew from New York City". E calma lá, começar já com Break Down The Walls é uma brincadeira que não se faz, certo? Show do Youth Of Today parece uma marcha militar lotada de sing alongs, stage dives, headwalkings e pointing fingers, tudo o que um bom show de hardcore precisa.

Ray Cappo e Rat bones em "It's Your Choice" - Warzone

Vamos lá realizar outro "sonho". Sonho entre aspas, pois obviamente era Warzone sem o falecido Ray(mond) Barbieri, vulgo Raybeez, que morreu em 1997 e com isso se deu o fim da banda.  Com os membros originais do Warzone, Todd Schofield Youth e Jason Lehrhoff nas guitarras, Todd Hamilton no baixo, Vinnie “Value” na bateria e vários ilustres convidados para cantar as músicas em um tributo ao Raybeez que está marcado na história do hardcore. A cada som tocado, a cada participação, a vibração e emoção era gigantesca por todos. Todd Youth pede um minuto de silêncio em respeito a morte de Raybeez e em seguida, conforme a imagem abaixo, vem o set list com seu(s) respectivo(s) vocalista(s):

Setlist tributo ao Warzone

1) Intro Bust
2) It's Your Choice (Rat Bones e Ray Cappo - Youth Of Today / Better Than a Thousand / Shelter)
3) Fuck Your Attitude (Kevin One - Bulldoze)
4) Free At Last (Mark Scondotto - Shutdown)
5) Escape From Your Society (Puerto Rican Myke - Skarhead / District 9)
6) We're The Crew (Puerto Rican Myke - Skarhead / District 9)
7) Don't Forget The Struggle Don't Forget The Streets (Toby Morse - H2o / Hazen Street)
8) Wound Up (Freddy Cricien - Madball / Hazen Street)
9) Crazy But Not Insane (Tommy Rat - Rejuvenate / Warzone)
10) The Sound Of Revolution (Dean Miller - No Redeeming Social Value e Mike Dixon - No Redeeming Social)
11) Skinhead Youth (Stigma - Agnostic Front)
12) In The Mirror (Ernie Parada - Token Entry / Grey Area)
13) As One (Vinnie Value - Warzone)
14) Young Till I Die - 7 Seconds cover (Ernie Parada - Token Entry / Grey Area)

Tommy Rat em "Crazy But Not Insane"
Aguns fatos interessantes a serem citados:
- Enquanto os sons eram tocados eram passadas no telão, ao fundo do palco, imagens de Raybeez.
- Tinha um doido no meio do show no "visu" Raybeez, com luvinha e tudo.
- Falando na famosa luva de Raybeez, Dean Miller e Mike Dixon (ambos do No Redeeming Social) também usaram luva em "The Sound Of Revolution".
- Quando Stigma subiu ao palco falou algo do tipo "Eu fui o primeiro amigo de Raybeez, fui eu quem apertei suas mãos pela primeira vez". Se tudo isso é verdade, está aí o motivo pelo apelido The Godfather do NYHC.
- Ernie Parada vai pra bateria em "As One" e o Vinnie Value vem pros vocais.
- Tommy Rat que fez o vocal em "Crazy But No Insane", é o primeiro vocalista do Warzone, antes mesmo de Raybeez. Ele gravou a primeiro demo, onde Raybeez tocou bateria.


Após essa loucura foi a vez do Sheer Terror. Com um som mais pesado do que o hardcore tradicional, o vocalista Paul Bearer sabe como mostrar, ou ao menos encenar, estupidez e grosserias no palco. Nada assustador, pois é a proposta da banda: hardcore pesado, sujo e lotado de sarcasmo em seus discursos totalmente negativos. E realmente o clima no pit ficou mais pesado neste momento, era a vez dos gordões mostrarem seus peitos e força.

Rancid tem algumas musicas legais, mas a essa altura do campeonato eu já estava satisfeito e cansado, então não vi muita coisa deles, mas o pouco que vi fez a molecada agitar bastante e com certeza foi bem diferente de um show tradicional do Rancid, como em grandes festivais (com grade e segurança).

Não gosto de comparar shows mas eu gostei mais do Black N Blue do ano passado, digo no conjunto da coisa. Claro que esse ano esse tributo ao Warzone foi o que salvou a noite e outras bandas fizeram bons shows, mas no geral ficou abaixo da média do ano passado.

Fotos: Jammi Sloane York (http://www.facebook.com/jammiyork)