29 de setembro de 2010

Entrevista - Norte Cartel

O ano de 2010 esta sendo um excelente ano para o hardcore aqui no Brasil e para mim, o ponto de partida, onde tive certeza que o hardcore iria me surpreender no decorrer do ano, foi o cd Fiel à Tradição dos cariocas do Norte Cartel. Esse foi o primeiro cd que eu comprei esse ano e posso dizer que fiquei realmente impressionado com a fúria contida nesse álbum, são 13 músicas no bom estilo NYHC velho, com letras que tratam de questões como honra, convicção, traição, amizade, entre outros temas que são verdadeiras realidades para quem vive o hardcore cada dia, e melhor de tudo isso, cantado em português. Conversei com o Longo, baixista da banda, que nos concedeu essa entrevista, ainda quando o projeto era lançar o zine impresso BUST IT!.



Salve brothers, obrigado por concederem essa entrevista, para começar, falem um pouco sobre como surgiu o Norte Cartel.

O Norte Cartel fez seu primeiro show em 2006 com a proposta de resgatar o hardcore oldschool numa época em que a maioria das bandas de HC que surgiam ou enveredavam pro metal ou pro emo (não muito diferente de 2010...). Três integrantes da formação original já tocavam juntos no Solstício, uma banda de Cabo Frio, há vários anos. Depois eu (Longo), que na época tocava com o La Sombra, uma banda do Rio que mesclava NYHC com punk/hc nacional, assumi o baixo.

Qual é a origem e o significado do nome Norte Cartel?

Cartel significa carta de desafio. O significado é algo como uma provocação que direciona, que norteia. De preferência que norteie rumo aos velhos valores e ao velho jeito de se fazer e tocar hardcore, essa expressão cultural das ruas que, no que depender de nós, não vai se transformar em uma mera caricatura risível e passível de deboche como muitos parecem querer.

É notável uma influência de NYHC nas músicas do Nortel Cartel, tanto o NYHC de 80 como do começo de 90. Quais nomes vocês poderiam citar como principais influências?

Especificamente de NY, Breakdown, Warzone, Skarhead, Madball, SOIA e Agnostic são bandas que sempre ouvimos e com certeza acabaram nos influenciando muito. Mas fora de NY bandas como Barcode, Negative Approach, Everyday Madness e bastante punk/hardcore nacional também sempre estiveram presentes. Não dá pra levar a sério alguém que tenha uma banda de HC no Brasil e não curta Ratos de Porão e Olho Seco, por exemplo. rs.

Esse ano vocês lançaram o “Fiel à Tradição” que diga-se de passagem é um álbum extremamente forte e agressivo. Como foi e como está sendo a repercussão deste álbum aqui na America Latina e na Europa?

Nós ficamos um tempo parados logo após o lançamento do álbum em função de um acidente sofrido pelo Chehuan, nosso vocalista. Apesar disso, o retorno que estamos tendo, mesmo passando um tempo distante dos palcos, tem sido impressionante. Pessoas de outros países, em especial Argentina, Portugal e Alemanha nos escrevem para elogiar, pedir o álbum, dizer que gostariam de nos ver ao vivo em seus países. Ficamos realmente felizes em saber que um disco que foi pensado e produzido com tanto cuidado esteja tendo uma repercussão tão positiva entre a galera que curte hardcore não só aqui no Brasil como também lá fora.



Este álbum foi lançado em uma parceria entre dois dos melhores selos brasileiros, a Seven Eight Life e a Caustic, como surgiu essa proposta?

São ótimos selos, com um esquema de distribuição profissional e que nos dão a garantia de que o CD vai chegar até as pessoas que o desejam ouvir. Isso por si só já nos dá uma tranquilidade muito grande. A Caustic já era uma velha conhecida nossa em função do Daniel e o Dudu já terem tocado no Solstício, que foi lançado pelo selo. A 78 Life lança o Confronto, outra banda do Chehuan, e acabou abraçando a idéia também. Quando terminamos de gravar o álbum mostramos para os selos, eles curtiram e, felizmente, uniram forças para viabilizar o lançamento.

Em meados de Maio de 2009 vocês foram convidados para tocar em um festival chamado Skincore Fest, aceitaram, mas cancelaram depois de saberem mais sobre a banda alemã Endstufe que iria participar do festival e já havia participado de coletâneas neo-nazistas. Esta questão já foi muito bem esclarecida no myspace do Norte Cartel, mas como foi a repercussão do caso na época?

Foi um episódio extremamente desagradável. Mas tivemos o cuidado de conversar detalhadamente com cada uma das pessoas que nos pediu explicações, tanto pessoalmente quanto via internet, e deixar claro o nosso posicionamento de não participação no evento. É realmente chato você passar quase 15 anos defendendo determinados ideais através de uma conduta sempre correta pra, do dia pra noite, ver a sua banda ser acusada de neo-nazista. É uma coisa que magoa muito, mas que felizmente foi logo contornada não só graças a nós, mas a cada um dos amigos que conhecem nosso caráter e nos deram apoio neste momento difícil.

Nesses 4 anos desde o lançamento da demo, quais foram os momentos mais marcantes do Norte Cartel para vocês?

O show de lançamento do Fiel À Tradição aqui no Rio certamente foi um dos momentos mais marcantes. Foi, literalmente, a realização de um sonho que nos deu muito trabalho, muita dor de cabeça e exigiu superação em vários momentos críticos. Mas que acabou se tornando possível através do esforço pessoal de cada um de nós quatro. Foi, sem dúvida, o momento mais marcante do NC

Quais são as dificuldades que vocês enfrentam para manter o Norte Cartel e o que vocês acham que falta evoluir em nosso país com relação ao hardcore?

Principalmente a falta de valorização de que é vítima o nosso underground. Nós temos bandas que não deixam nada a dever às americanas ou européias em termos de qualidade. Mas a visão não só dos produtores de shows, mas por muitas vezes dos próprios músicos é ainda completamente amadora (tirando algumas exceções pontuais). Isso acaba se refletindo no público que, com a circulação de informação que ocorre atualmente, é cada vez mais exigente e muitas vezes se recusa a pagar um determinado valor por um show por não achar que o valha, o que acaba gerando um ciclo vicioso. Os produtores não pagam as bandas. As bandas não conseguem cobrir seus gastos e ou não tocam ou acabam ficando sem ter como investir em equipamento. Os shows acabam ficando piores, etc. Acho que pensar o hardcore profissionalmente, por mais complicado que possa soar, é o que mais falta evoluir na cena nacional. Mas, se comparada à de anos atrás, nossa cena evoluiu muito!



Falem um pouco sobre os outros projetos de vocês e como vocês fazem para conciliar o tempo entre esses projetos e o Norte Cartel.

O Chehuan canta no Confronto, banda de metal extremamente representativa e atuante em nossa cena. Eu toco baixo nas bandas Os Pazuzus (surf/punk instrumental) e Os Carburadores (surf/rockabilly), além da Mauk & Os Cadillacs Malditos (garage). Dá trabalho, mas sempre procuramos marcar todos os shows com bastante antecedência justamente para evitar os conflitos entre datas.

Quais são os próximos planos para o Norte Cartel?

Voltar a cair na estrada para fazer a divulgação do Fiel À Tradição com shows destruidores. E continuar a elaboração de músicas para um novo álbum. Apesar do último CD acabar de ter sido lançado, já temos muito material novo pronto na gaveta.

Citem algumas bandas que vocês gostam dentro da nossa cena atual.

Existem várias ótimas bandas. Mas Cervical (Macaé), Sangue X Ódio Hardcore (Ibiúna) e Sangue Inocente (Piracicaba) são bandas com as quais já dividimos os palcos algumas vezes e cujos shows sempre foram memoráveis. Outra banda brasileira sensacional na minha opinião é o Agrotóxico.

Que conselho vocês dariam para as bandas que estão começando agora?

Ter uma banda é uma atividade extremamente prazerosa e divertida mas que também exige muito comprometimento e dedicação. Muitas vezes acaba se tornando algo desanimador em função da falta de resultados práticos. Quem se deixa abater pula fora do barco. Quem persevera e se recusa a desistir acaba dando um jeito de conciliar família, trabalho e estudos com a correria e consegue sempre colher ótimos frutos. Não necessariamente frutos financeiros, mas recompensas muito maiores como fazer grandes amizades, conhecer novos lugares e pessoas loucas dos mais diferentes tipos, além de viver experiências que, certamente, no futuro serão muito queridas. O conselho pra quem está montando uma banda, portanto, é o seguinte: arrume pessoas que estejam na mesma sintonia que você e não desista NUNCA!

Boa sorte ai nos corres. Esse espaço fica aberto para vocês deixarem uma mensagem para quem está lendo essa entrevista.

Valeu pelo espaço, Diego! Parabéns pela iniciativa, que venham outras edições do BUST IT. Aos que se interessaram em ler a entrevista, nosso sincero obrigado! Caso se interessem mais pelo Norte Cartel e pelo nosso novo álbum Fiel À Tradição: http://myspace.com/nortecartel .
Paz a todos!






Para maiores infos: Myspace, Twitter, Seven Eight Life, Caustic

25 de setembro de 2010

ROTTING OUT - VANDALIZED

Orgulhosos por representarem o LAHC, nome em homenagem a uma música do Descendents e letras pra lá de ácidas, como uma que diz “you never gonna make it with your positive views” (você nunca conseguirá com seu positivismo), esse é o Rotting Out! Com pouco mais de três anos de estrada esses californianos se tornaram uma das melhores bandas da nova geração, com uma excelente demo lançada em 2007, um full-lenght destruidor This Is Just A Life e para completar o melhor registro deles até agora, o EP do ano passado Vandalized. Seis músicas que massacram os ouvidos com um hardcore agressivo e energético, nos moldes dos conterrâneos do Suicidal Tendencies dos primeiros álbuns, um toque de Black Flag e lógico que Descendents também é uma baita influência! Tudo isso aliado à uma boa gravação, com peso na medida certa, torna Vandalized viciante.

Acesse: Myspace

23 de setembro de 2010

GET THE MOST - TOGETHER

Não, o Youth Crew não morreu e a prova disso é o Get The Most, que esse ano lançou pela React Records seu quinto álbum que recebe o nome de Together. Entre as influências desses estadunidenses estão, Uniform Choice, Youth of Today, Insted, acho que já posso parar por aqui não é mesmo? Se você é daqueles que acha que depois que Ten Yard Fight e mais recentemente o The First Step acabaram, o youth crew foi enterrado, você deveria ouvir esse álbum. São 10 sons que vão fazer você cantar fazendo point finger onde você estiver. Então prepare seu moletom de capuz, faça seu X na mão, pois o youth crew continua muito forte.

Acesse : Myspace

20 de setembro de 2010

NO INNOCENT VICTIM – FLESH AND BLOOD (1999)

Estou iniciando uma série de posts aqui no Day By Day Hardcore que incluem somente clássicos do hardcore, espero que o Feijão e o Diego comprem a idéia e também escrevam um pouco sobre os álbuns que eles acham merecedores de tal rótulo.
Começo com um que nunca sai da minha playlist, pelo menos uma vez por semana tenho que parar para escutá-lo, se trata do Flesh and Blood dos californianos do No Innocent Victim. Não é desses clássicos incontestáveis, mas por isso mesmo que começo por esse, por ter tido grande impacto pra mim.Pois bem, lançado em 1999 este já é o sétimo registro do NIV, contando demos e splits, e creio que foi quando atingiram seu auge. A proposta de um hardcore pesado, com alguma influência de metal e cheio de groove nunca foi tão bem executada, aliado a letras cheias de significados, seja você cristão ou não. Com certeza foi uma forte influência para toda a onda de bandas como Seventh Star, Hatebreed, Figure Four, xDeathstarx, entre outras tantas. Muito se fala sobre bandas cristãs dentro do hardcore, acredito que o No Innocent Victim deu a melhor resposta possível aos críticos, na letra de uma de suas músicas mais destruidoras, My Beliefs, terceira faixa deste álbum.

I thought hardcore was about
standing up for what you believe in
'cause I would die tonight for my beliefs.


Eu pensei que hardcore era sobre
se levantar pelo que se acredita
pois eu morreria essa noite pelas minhas crenças.


19 de setembro de 2010

Dia a Dia Hardcore



Salve a todos!

Depois de alguns anos sem escrever aqui estou eu novamente. É prazeroso ver que o pessoal está dando valor pro conteúdo do hardcore, fico muito feliz em ver vários zines, e-zines/blogs nascendo. Nos ultimos dias li alguns textos excelentes que estão circulando pela internet. Confesso que entrei de embalo nessa, pois ao ler os textos bateu a saudades de quando eu escrevia zines, cerca de 7 anos atrás. Me juntei com esses dois parceiros loucos, Buneco e Pinguim, e estamos inciando este blog para ser mais um a somar na cena.

Sem mais balelas, vamos ao que interessa. Pra começar como meu primeiro post, escrevi um texto que fala justamente sobre o título do blog, Dia a Dia Hardcore. Em partes pode até parecer clichê as palavras abaixo, porém é um assunto que cheguei a conversar com amigos do meio e vejo que muito molecada não dá a devida importância. Gostaria de ressaltar que não sou nenhum ditador no hardcore, muito pelo contrário, estou expondo meu ponto de vista e como eu encaro algumas coisas do cotidiano.

A maioria das pessoas que se interessa por Hardcore está na fase adolescente/jovem da vida. Claro que tem muita gente que leva o hardcore apenas como estilo musical e não, as vezes nem quer, absorve o conteúdo do mesmo. Eu, comecei ouvindo punk rock, principalmente pelas idéias e atitudes, que hoje considero, grande parte delas, apenas uma utopia. Modestia parte, a gente cresce e a tendência é evoluir, então se amadurece e se recicla as idéias e por isso, hoje sou menos radical e mais tolerante a muitas coisas.

Em particular, antes mesmo de conhecer o hardcore, eu sou um cara que sempre aplicou o famoso Do-It-Yourself (Faça-Você-Mesmo), sempre gostei de ser o "frontman" e fazer as coisas bem feito. Uma frase que ouvi muito no meio cristão e que se aplica no dia-a-dia hardcore é "faça a diferença no seu meio, seja exemplo". Com certeza tenho minhas falhas, mas tento seguir isso. Quando falo em seguir, estou falando de aplicar o seu melhor em todas as áreas da sua vida, desde escola/faculdade, trabalho, roles e dentro da sua casa com sua família.

Posso estar sendo sistemático e acomodado, fazendo o que o "sistema" me impõe. Mas outra coisa que aprendi nesse humilde tempo em que estou envolvido com o underground (cerca de 8 anos) foi "se você não pode com eles, junte-se a eles." Não que eu vá me corromper, mas vivo minha vida de acordo com o que é me imposto, porém fazendo a diferença por onde eu passo. E isso é uma coisa que realmente "choca" a sociedade. Por exemplo, as pessoais "normais" que olham pessoas como nós, que curte "rock", tatuado e outras coisas "más" (rs rs), geralmente esperam coisas ruins de nós e é aí que eles notam que mesmo assim somos fundamentais e totalmente influente em nossos meios. Isso sim vai totalmente contrário do que era de se esperar.

As vezes a violência é necessária sim, temos que se impor para sermos respeitados, a rua pede isso. Porém, temos que ter conteúdo e sermos influente, mostrar que somos diferente e viemos para mudar, por mais devagar que seja, o mundo.

Vejo muita gente no hardcore preocupada mais com o "visu", em fazer tattoos, ter os "pano" gringo, o "boot" da moda, porém não se preocupa com estudos ou em ter um diploma, um trabalho legal para um dia poder ser pai de família ou pelo menos ter condição de se manter sozinho e sair da "saia" da mãe. Eu comecei trabalhar com o que eu gosto antes mesmo de entrar na faculdade, e praticamente me sustento com isso, isso é muito gratificante. O pessoal do trabalho ver que apesar de "louco" você é um cara responsa e exerce muito bem sua funçao, é o muito gratificante. As pessoas da escola/faculdade, que apesar de você ser maloqueiro, você zoa e ao mesmo tempo se empenha nos estudos, tira boas notas e realmente honra o dinheiro (ou esforço) que você tá colocando ali, É MUITO GRATIFICANTE.

Então fica a dica, isso é uma coisa como eu encaro em "ser" hardcore no dia a dia. Tem uma distância bem longa em apenas ouvir som e ir em rolês do que realmente SER HARDCORE. Como um mano meu do interior sempre diz: "HARDCORE: VOCÊS OUVEM, A GENTE VIVE".

Pra finalizar deixo a letra do som "A hora é essa", do Menção Honrosa, que vem como bônus no split "Cuidandos dos negóciso" do Linha de Frente com o Dzspero. Música que exemplifica bem o que quis passar com esse texto. Obrigado pra quem teve paciência e leu o texto até o fim. Desculpes erros ortográficos e de concordâncias verbais, confesso que estou meio enferrujado. Grande salve a todos. Paz!


Todos irmãos, de norte a sul
Hardcore verdadeiro, um por todos, todos por um
Só parceiro lado a lado, só irmão de lealdade
Guerreiro que batalha em todo canto da cidade
O compromisso pra sempre vai ser honrado
Amizade verdadeira sempre a todos os aliados
Honra, dignidade, convicção
Palavras concretizadas na vida de cada irmão

Família é mais forte do que qualquer facção
A banca é firmeza passa longe os pilantrão
Nova escola, velha escola, todo mundo aprende junto
Um ensina o outro e assim cresce todo mundo
Rumo ao novo tempo, sempre rumo a vitória
Sonhar é só dormindo, na vida buscamos glória
De ponta a ponta, só irmão de lealdade
Nosso nome está escrito em vários muros da cidade

A hora é essa
A hora é nossa
A hora é nossa de caminhar apresento é o (???) banca Menção Honrosa
Lado a lado com os parceiros
Digo, aqui só tem guerreiro
Fica ligeiro, som pesado, Dzspero, aqui com a gente
Não venha se arriscar que o fogo é quente
O tempo todo a nossa vida tá em jogo
Aqui Linha de Frente
Não dá falha, meu verso corta como uma navalha
Quem não junta espalha
A coisa é séria quando se está no campo de batalha

Só correria
No dia a dia estamos sempre unidos
O nosso vínculo é um elo antigo
Em nosso nome eu digo: Pelos irmãos eu brigo
Nessa milicia representa que só bom e velho amigo
Pelos parceiros que andam comigo, unidos pela vida
Marcados por sangue
Meu Pai, eu te peço, abença nossa gangue
Nossa família...

Existe um ensinamento, do grande Malcolm X que diz o seguinte:
O lobo caminhando no inverno, em meio a neve, morto de fome
Encontra algo brilhando perdido
Ele sente o cheiro de sangue e começa a lamber
É uma lamina, e corta sua lingua mais fundo a cada lambida
Quanto mais ele sente gosto de sangue, repete seu ato
E bebe seu sangue, dilacera sua lingua até o momento de sua morte

Sabe o que isso quer dizer?
Que é isso que eu vejo acontecer
Os manos se matando por ilusão
Aí eu te pergunto: viver assim pra quê? Você tá achando gostoso?
É seu sangue que você tá bebendo parceiro
Viver assim até quando?
Ser gangsta não é nada disso
Isso é viver enganado, na sombra escura da ignorância
Ser gangsta é juntar com seus amigos
Para ajudar sua comunidade de alguma forma
Protege-la, ser produtivo e não um parasita
Ser leal, ser fiel...
Ser gangsta é defender suas ideias com seus punhos, ou com sua mente
Sempre buscar a justiça, pensa nisso mano...
Pensa nos seus amigos, na sua família
Antes de fazer qualque escolha
Saiba que o que você vai escolher pode decepcionar seus irmãos e seus parentes
Seja um bom exemplo mano, um exemplo de força, dedicação, dignidade e perseverança
Decência, nas ruas eu encontrei um caminho reto e limpo
E acredito que você pode mais
Sei que muita gente acredita e espera muito de você
Seja você mesmo, sem essa de fazer prézinha
Estude, cresça, alimente bem seu corpo e sua mente
Seja cada dia mais forte, isso é ser gangsta!

17 de setembro de 2010

Muitos Anos de cena? Foda-se...


Você já esta a muito anos envolvido com o a cena punk/hardcore ? quem bom pra você, já deve conhecer muitas bandas legais. Agora, você é melhor que alguém por causa disso? definitivamente, NÃO. E porque seria? o que você faz para ser melhor ou mais importante que alguém? provavelmente porra nenhuma. Isso é uma coisa que realmente me deixa incomodado, sério. Eu tenho certa de 10 anos de envolvimento com isso. No começo eu era totalmente envolvido com movimentos estudantis e tentava aprender bastante sobre anarquismo e comunismo, me envolvi em coletivos punks, protestos, era do gremio da escola e por ai vai. Com o tempo passei a enxergar as coisas com outros olhos e resolvi me afastar de tudo isso. Desde do começo de tudo isso eu já ouvia Dead Kennedys, Black Flag, The Clash, Ramones, Ratos de Porão, etc. Fiz alguns zines com amigos, fui em muitos shows, como por exemplo os Street Rock, você se lembra? já ouviu falar? pois é, faz muito tempo, agora eu lhe pergunto, alguma vez eu me vangloriei por ter vivido isso? me vangloriei por ter visto algum show fudido? me vangloriei por ter feito zines?, etc? No que isso tudo me faz melhor que alguém? em porra nenhuma. Na minha humilde visão, o que faz a pessoa ser importante na cena é o quanto ela está ativa, o quanto ela colabora para evoluir a mesma. Qual é a realidade hoje? a mulecada nova esta a todo vapor e os experientes estão atrás de um monitor reclamando. Ou seja, estão enfiando tudo que fizeram no rabo. É claro, tem gente que é praticamente um dinossauro dentro do hardcore e seguem acreditando que o hardcore é mais que musica, dessa forma ficam se movendo para tentar fazer algo acontecer, outros dinossauros preferem ficar em casa ouvindo seus discos sem encher o saco de ninguém, o que eu também acho valido. O que é inútil é alguém que por achar que sabe mais ou já viveu mais que alguém, sair vomitando um monte de besteira em redes sociais (é claro, esse tipo também tem talento o suficiente para receber o titulo de covarde, pois, nunca falam na cara). E tem os que não falam para ofender, mas para mostrar que são fodões. Uma dica que eu deixo, se você já teve que aturar isso, você tem dois caminhos, primeiro (para o caso de você não ter sido ofendido), ignore e continue fazendo a sua parte, tenho certeza que qualquer um que não seja burro, vai reconhecer a sinceridade nos seus atos, segundo (para o caso de uma ofensa), use de violência física e imponha seu valor, sério, alguns casos não merece uma solução pacifica. No final, os que mais falam, são os que primeiro caem.

15 de setembro de 2010

Maratona Tiempos de Honor

Decidi escrever sobre os três shows do Tiempos de Honor que presenciei neste final de semana passado, entre os dias 10 a 12/09, dois pelo interior paulista e um pela capital, mais para demonstrar as difrenças entre cada rolê e as dificuldades que aqueles que ainda acreditam no hardcore enfrentam.

Indaiatuba
Pois bem, começo pelo festival que tive o prazer de organizar ao lado de um grande camarada, o Bruno (a.k.a Palhaço), no Plebe Rock Bar em Indaiatuba durante uma sexta-feira a noite (10/09). Pico pequeno que costuma ter público fiel, entrada por apenas R$5,00, banda gringa, receita para casa cheia? Os mais inocentes podem até achar que sim, mas o que eu já esperava tomou forma, chegando à frente do local encontramos a rua cheia, no entanto, a maioria dos presentes preferia pagar R$4,00 em uma cerveja do que conferir o rolê! Um verdadeiro bando de moleque sem propósito que enche a boca para falar que apoia o underground, mas na verdade prefere ficar jogado a sarjeta consumindo álcool, entre outras substâncias. Não me leve a mal, estou longe de ser straight edge, mas chega a ser patético presenciar tal cena. Como fiquei pela porta do local na maior parte do tempo só tive oportunidade de conferir o show dos trutas do Final x Round e do Tiempos de Honor mesmo, duas apresentações insanas que infelizmente foram conferidas apenas pela galera que veio de São Paulo e poucas caras já conhecidas do interior paulista, incluindo alguns brothers de Indaiatuba. Mas valeu o esforço! Agradeço a todos os envolvidos.


Piracicaba
Desde o show do Ta Life, senão me engano em 2007, que freqüento a cidade com regularidade e infelizmente percebe-se a diminuição de gente envolvida com o hardcore. Enquanto aqueles que já eram verdadeiros naquela época só tomaram forças para seguir ainda mais no rolê, quem entrou por moda já saiu. Não posso comentar com propriedade sobre esse festival, pois fiquei apenas cerca de 30min pelo local, tive que levar um camarada que estava passando mal embora, mas deu pra perceber o local com poucas pessoas, ou seja, sempre aquelas que se mantém fiéis. Mas pelo comentário do pessoal foram ótimos shows, principalmente do Tiempos de Honor, esses chilenos impressionaram demais, pegada anos 90, idéias fortes e humildade!





São Paulo
Muitos podem torcer o nariz quando digo “cena é só em São Paulo”, não adianta comparar! Tanto aqui pelo interior paulista quanto em outras cidades pelo Brasil temos pessoas envolvidas com o hardcore e que tentam manter a chama acessa, verdadeiros focos de resistência, mas não podemos chamar isso de cena, diferente da capital paulista que em um domingo, com dois festivais na mesma rua, um de frente pro outro, consegue praticamente casa cheia em ambos. São mais pessoas envolvidas com a cena, o que é natural pela grande quantidade de pessoas que moram pela metrópole, mas mesmo assim São Paulo se torna ponto de encontro dos loucos que ainda persistem, com gente de Piracicaba, Sumaré, Indaiatuba, Sorocaba e por ai vai. Tudo isso no La Resistencia Fest, com um belo cast de bandas, destaque para o D.P.R que sempre impressiona, Tiempos de Honor já desgastado pela maratona mas com pegada para fazer um bom show e a volta do Confronto após uma grande tour européia, banda sempre muito competente no palco.


Aproveitando o post para divulgar a entrevista dos chilenos do Tiempos de Honor no blog parceiro do Daily War Zine.

12 de setembro de 2010

NAYSAYER - NO REMORSE

A cidade de Richmond, Virginia, já se tornou tradicional dentro do hardcore norte-americano, ainda mais para essa nova geração, pois de lá surgiram bandas como Down To Nothing, Bracewar, Fire & Ice e esta aqui do post, o Naysayer!
Misture Cro-Mags e o hardcore nova-iorquino do meio para o final da década de 80, um pouco de Metallica antigo, dose de crossover do Corrosion of Conformity na saudosa época do Animosity com bastante personalidade, esse é o som desses estadunidenses. Conseguem englobar todas essas influências de maneira bem coesa e ainda sim sobrepor o hardcore aos demais, variando partes rápidas com aquela quebrada de ritmo ideal pro mosh.
No Remorse, EP do ano passado lançado pela Reaper Records, é o segundo registro do Naysayer e apresenta boa gravação pra desgraça sonora que eles fazem, vocal praticamente vomitando no seu ouvido, guitarra com timbre cortante, enfim, elementos que a tornaram uma das bandas que mais escuto de uns tempos pra cá.

Acesse: MySpace / Twitter / Reaper Records

9 de setembro de 2010

2010 até agora...

Objetivo deste post é fazer um balanço desses nove meses de 2010 no hardcore! Diferente do que senti em boa parte de 2009, esse ano se mostrou bem mais produtivo, segue a lista do que mais ta rolando nos falantes aqui de casa, se você acha que me esqueci de algum lançamento, discorda ou até mesmo têm outros para indicar, comenta ae tio!!! A intenção é essa, trocar informações!

True Colors - Consider It Done
EP de despedida dos belgas do True Colors e como último registro é perfeito! Máquina do tempo de volta a 1988!






The Rival Mob - Hardcore For Hardcore
Novo EP de uma das melhores bandas da atualidade! Old Time Hardcore de Boston levado a sério e seguindo a cartilha de riffs violentos e belos momentos para um 2-Step esperto!




Straight Opposition – Fury Stands Unbeaten
Hardcore italiano que parece o resultado de uma briga de foice entre Slapshot e Terror, pedrada no tímpano!





Piece By Piece - S/T
O novo LP dos maloqueiros de Los Angeles vicia! Banda com integrantes do Terror, Carry On e Internal Affairs não teria como ser diferente.






Norte Cartel – Fiel À Tradição
Foi o primeiro cd que comprei esse ano e é o debut do grande representante do “hardcore RJ”, malandragem das ruas impressa em cada som!





Killing Time - Three Steps Back
Killing Time é Killing Time! Uma das melhores bandas que o hardcore já nos proporcionou.





Fire & Ice – Grim
EP da banda nova que mais me impressionou em muito tempo! Se liguem na entrevista que o Diego Garcia (aka Buneco) fez com os malucos aqui no Day By Day!




Final x Round – Songs for You, Pride for Us!
Primeira demo da mais nova representante do sxe paulistano! Hardcore cru e sincero, com influência do que há de mais maloqueiro de Boston e NY.




Cruel Hand - Lock & Key
Cruel Hand com certeza vem se tornando uma das principais bandas da “nova” geração, play novo seguindo a evolução do anterior, influência de metal na medida certa.





Alpha & Omega - Life Swallower
Mais uma banda de LA, esses manos devem ouvir muito Cro-Mags, Crowbar e Integrity! Outra banda pra não deixar passar batido!





Bitter End - Guilty As Charged
Segundo full-length dos texanos, altamente influenciado pelo hardcore new yorker do começo da década de 90!

8 de setembro de 2010

Entrevista - FIRE & ICE

Se me perguntarem “Qual é a melhor banda que surgiu nos últimos 2 anos?”, não terei duvidas em responder FIRE & ICE, banda de Richmond - Virginia (USA) com membros do Bracewar, do extinto Iron Boots e ex-membros do Down to Nothing. Com seu segundo Ep (Grim) recém lançado pela Triple B, essa banda vem impressionando a todos e recentemente participaram do festival Sound and Fury, um renomado festival que geralmente dura 3 dias e conta sempre com grandes nomes do hardcore mundial. Ainda em tour, graças a tecnologia dos smartphones, o batera Flza nos concedeu essa entrevista.


Obrigado por concederem essa entrevista, sei que muita gente por aqui vai gostar de saber mais sobre o Fire & Ice. Para começar, falem um pouco sobre como surgiu a banda.

Meu parceiro Hunter me encontrou pouco tempo após eu me mudar de Virginia Beach para Richmond, ele queria montar uma banda estilo NY e sabia que era a minha área. Nós só precisavamos nos dispor. Nosso parceiro Groater estava no Down To Nothing naquela época. Nós sabíamos que ele era foda na guitarra, então nós o chamamos, ainda que o Down To Nothing estivesse em uma turnê integral naquele momento, eventualmente saindo do Down To Nothing, nós pedimos que o nosso parceiro Dave cantasse. Ele tinha acabado de se mudar para Richmond e não estava fazendo nada no departamento de música. Por fim, nós ensaiamos na minha casa, escrevemos algumas músicas que foram descartadas, encontramos um local para os ensaios e começamos a entender o nosso som. Então recrutamos Mark da sua banda Junk Yard Dogs

Quais são as principais influências do Fire & Ice?

Obviamente vários do estilo NY. Na maioria coisas mais groovin. Leeway, All Eras, White Devil, the Icemen, Coldfront, Crown of thorns, Breakdown.. Várias.

Esse nome, Fire & Ice, é uma referencia a banda The Icemen?

Sim, com certeza. Eles são uma das nossas maiores influências, principalmente quando começamos.

Em 2009 vocês lançaram o ep Gods and Devils e esse ano lançaram o ep Grim, como foi e como está sendo a repercussão desses álbuns?

A reação foi ótima, estamos na nossa primeira turnê integral nos EUA, no momento estou virando a noite dirigindo para San Antonio enquanto respondo a isso, estava em turnê com duas das nossas bandas favoritas. Eu não poderia estar mais feliz. Todos os shows foram incríveis. Isso me faz querer mais e mais.



Alguns de vocês tocam no Bracewar e já tocaram no Iron Boots, falem um pouco sobre os outros projetos que vocês mantem além do Fire & Ice.

É, eu e Dave estivemos no Iron Boots, e o Groater também, perto do final. Ele era meio que um 6° membro. Groater e eu estivemos no Bracewar nos últimos dois anos. É legal. Sem dúvidas é difícil estar em duas bandas ao mesmo tempo. É uma dor de cabeça. As duas estavam tentando escrever LPs ao mesmo tempo, o que eu acho que é doido e legal ao mesmo tempo.

Hoje um álbum só precisa de alguns dias após seu lançamento para estar disponível para download, no caso do Fire & Ice isso também é uma realidade. Qual é a opinião de vocês com relação a essa questão?

Isso não me incomoda, quanto mais pessoas tiverem a música e curtir melhor. O pessoal está comprando os discos nos shows, então eu não posso reclamar.

Vocês já ouviram algo a respeito da cena hardcore brasileira? conhecem alguma banda daqui?

Eu conheço um pouco, na verdade. Eu costumava conversar com o King Rick. Ele queria que a banda dele (Cujo nome eu não lembro agora) fizesse uma turnê com o Iron Boots. Foi um tempo animal.

Quais são os próximos planos para o Fire & Ice?

Depois dessa turnê nós estamos tentando manter o foco em escrever o LP. Eu quero que ele seja a melhor coisa de que eu já fiz parte, então eu estou tentando me dedicar em 200%



Obrigado mais uma vez pela entrevista, esse espaço fica aberto para vocês mandarem uma mensagem para quem esta lendo este eZine.


Obrigado! Vejam os nossos parceiros no Terror enquanto eles estiverem ai!
ALWAYS KEEP THE FAITH!


Para maiores infos:


5 de setembro de 2010

NO VALUES - DEMO 2010

Internet possibilita grandes descobertas! Começar a escutar música em uma época em que ainda era necessário gravar fitas K7 para compartilhar com os amigos me fez dar muito valor e enxergar de maneira totalmente positiva todas as facilidades que atualmente temos em mãos para buscar informações.

Hoje mesmo, por exemplo, dando uma visitada em algum blog aleatório da web, com algumas demos e EP’s de bandas de hardcore, encontro uma demo sem muitas informações sobre a banda, apenas a seguinte legenda “new Bracewar / Fire&Ice / Iron Boots side project” (novo projeto paralelo do Bracewar, Fire&Ice e Iron Boots). Somente essa frase me fez sair no embalo pra baixar logo esse primeiro registro do No Values, pois as três são grandes bandas (aproveito para adiantar que logo mais será postada uma entrevista com o Fire&Ice aqui no DayByDay, pelo Diego a.k.a Buneco).

Mas voltando ao No Values, logo no primeiro acorde já se tem noção que vem coisa muito boa por aí, pegada old school mesmo, altamente influenciado pelos californianos do Violent Minds e pela insanidade que o Suicidal Tendencies fazia bem no começo de estrada. São quatro sons na demo que só me fazem torcer para que o projeto não se perca e ainda possamos ouvir bem mais da banda!

LINK PARA DOWNLOAD - Liberado pela banda!

4 de setembro de 2010

ILL BRIGADE - IN THIS AGE

Diretamente da Austrália, lançando seu segundo registro, temos o ILL Brigade, com seu hardcore altamente influenciado pelo NYHC da década de 80, com um pouco do estilo looking out do Justice no meio. In This Age, ep lançado esse ano contém cinco músicas bem diretas, fortes, passando por partes rápidas e partes mosh, tudo isso com um vocal bem marcante. Para finalizar a obra, além dos excelentes cinco sons, o ep fecha com o cover do clássico All I Ask do Breakdown. Em comparação com o primeiro registro da banda (The E.P. de 2008), o In This Age, esta mais bem tocado, com uma gravação melhor e com mais peso. Um prato cheio pra quem gosta de hardcore sem frescuras.


Acesse : Myspace

2 de setembro de 2010

Entrevista - VENIAL


Há quase seis anos o Venial luta por seu espaço em um estado com pouca tradição no metal/hardcore, Mato Grosso. O vocalista Fabbio nos concede a entrevista tratando de temas que vão desde o surgimento da banda até como é ser um verdadeiro foco de resistência no centro-oeste brasileiro.

Antes de tudo, valeu mesmo por topar conversar com a gente com tanta prontidão! E para apresentar a banda, conte um pouco de como surgiu e qual a proposta musical do Venial.

Antes de chegar a Cuiaba-MT (extremoeste) eu vivia no MS, Campo Grande, la ja tinha integrado duas bandas da vertente Punk, uma Punk-HC Old e a segunda HC-Crossover. Vim pra Cuiaba com a perspectiva de não mais ter banda, apenas continuar no meio, fazendo festas, shows e curtindo as bandas, mas o HC falou mais alto pra variar.
Havia na época (e há!) apenas o Zagaia (malditos, foda!) nas ondas que eu curto desde muito tempo, fui a eventos e resolvi que deveria voltar a tocar mas não mais contra-baixo e no inicio como projeto apenas, se vira-se banda, beleza, sem stress!
Assim minha irmã disse que no curso de Direito dela havia uma amiga tattoo girl que tinha um namorado "meio que assim ô meu, tipo assim" kkkkk paulista hardcore, Dandy.
Dandy e Eu corremos atrás dos demais, entro Barbosa (vocal, eram 2), Fabrício (batera), depois Hordi (baixo), Dandy voltou pra SP, Ankh entrou, Barbosa e Hordi saíram entrou Cavalo no baixo e (Felippo por um curto período na outra guitarra), Icaro "Forte" na outra guitarra e por ultimo por motivos de distancia mesmo, saiu Fabricio Roder que convidou um amigo e musico Alan Servio pra manter a locomotiva nos eixos. Hoje Ankh (gt/back), Forte (gt), Cavalo (baixo/back), Alan Servio (batera) e Eu (apenas um vocal).

Sei que você gosta muito do hardcore moshante dos anos 90, quais as principais influências pessoais dessa época? E aproveitando, cite cinco bandas nacionais e gringas, daquelas que tem que ouvir pelo menos uma vez por dia.

Earth Crisis, Strife, Dowset, Biohazard e SOIA obvio! (Venial não é sxe ou vegan, mas tem um imenso respeito pela causa de bandas que são e gosta muito do som e a forma como compõem suas musicas e como lutam por seus ideais!)
Nacional:RDP, Questions, Sepultura, gosto muito de álbuns "datados" ou seja uma pena nao ter tido continuidade de coisas boas, mas em se tratando da época PNR e o álbum "Pau de dar em doido" do Surto antes da merda que fizeram assinando com a Virgin records. Ali se ouve o ex-batera da lendária Crosskill arrepiando nesse álbum do Surto. Mas hoje nacional gosto muito mesmo do Questions ao vivo! No CD é bom... Mas ao vivo é HCzão sem frescura! Tem duas bandas que me animam muito "Born From Pain" que não fica na onda da geral e sempre lança algo diferente e o "Morda", se tem uma coisa chata no mundo hoje é uma banda fazer algo legal e 200 mil bandas clonarem, Brasil mesmo ta um mar disso do Pop ao Pesado. Metal gringo eu não abro mão do Pantera, Megadeth e ouço (não ria) muito ACDC, The Who, Black Sabbath (só fase Ozzy), Misfits e Ramones.

Com certeza um dos destaques da banda foi o videoclipe de “Surtar A Dor”, realizado pela Toro Produções com direção do Pablo Menna (Questions), que já realizou trabalhos do Questions, Madball, Pavilhão 9, Sepultura entre outros grandes nomes. Conte um pouco como foi o processo, desde o contato, escolha de locação e gravação.

Eu já ouvia Questions sem a banda saber, normal, ai pintou um evento aqui, grande e a chance de indicar uma banda de HC foda, não pensei duas vezes indiquei aos organizadores que eles eram a banda certa! Na jogada toda falei com Menna da possibilidade de incluir uma direção de clipe, ele pediu pra ouvir o som, saber da banda e o resto é historia, me tornei mais fã e a Venial que não conhecia chapou no som dos caras ao vivo! Sem falar que pessoalmente os caras tranqüilos, profissa!

Vocês sempre estão envolvidos na organização de eventos por Cuiabá e região, como o Venial Mosh Fest. Como é manter a chama acesa no centro-oeste?

Eu realizava eventos desde CG/MS com Vaguinho (impossíveis, astronauta elvis) o Fabricio ex-batera fazia em Cuiabá desde sua ex-banda Extremunção, na Venial surgia necessidade de fazer pois os eventos que tinha na época não tinha como nos encaixar por questão de estilo mesmo, então metemos o pau! Com o tempo novas bandas de som crossover, thrash, punk, hc começaram sair da garagem do under. Ai rolou muita coisa dirigi uma radio fm comunitária bem no centro que tinha áudio na web, radio rebelde, ali começou eventos e parcerias, apresentei ainda em mais 3 rádios locais , sendo uma AM (rock, punk, metal no AM no extremoeste em pleno ano 2000 maluco, realizei um sonho!)e surgiu Nitro Rock Fest, Festival Kura (Sepultura no line), Blues n Roll (realizo pra por bandas de Rock e Blues e derivados pra tocar sempre que rola chance boa) ai veio ainda Encontro HC com 2 edições históricas e por ultimo as edições Venial Mosh Fest que nada mais é uma retribuição da VENIAL para novas bandas terem chance de tocar em equipamentos de ponta, valvulados, gabinetes 4x12 e ainda bandas antigas que piramos no som e tudo num único intuito, publico local merece!!! É como podemos retribuir, ver banda de gurizada 15, 16 anos plugar em amps fervendo e ver o sorriso da molecada ja vale muito é Rock mesmo bixo ou AMA ou diz que curte bla bla bla.


Acha importante o estilo DIY (do it yourself, faça você mesmo) dentro do underground?

Desde que seja limpo! Under é uma situação, local, momento importante em que se encontra tudo! Ser under não significa ser porco, sujo, hippie sujo, equipamentos toscos, desafinados, tudo feito de qualquer jeito, é simples, se quer uma esposa ou namorada massa ou vadia? Sua banda e suas atitudes e ações tem que ser assim, obvio que muita coisa é difícil poder comprar, mas pode se adaptar, pode não ter um valvulado, mas pode ao menos comprar um cabo P10 novo, corda decente, ter um afinador, saber representar o universo Under e ser cidadão como qualquer outro que paga impostos, tem direito e deveres e não é sujo e porco como muitos ainda vêem. Under nunca morrerá, estará sempre em ebulição, eu amo demais isso tudo! Falo como quem é do meio, vive isso, ouve, transpira isso 25h por dia mesmo no trabalho fazendo outras coisas estou sempre pensado o que fazer pra ajudar a tirar esses estigmas do Rock, do Under e principalmente do som pesado. Under nunca morre! DIY or Die!

Quais os planos do Venial para o futuro?

Tocar, rir com amigos, jogar bets (taco/bola) fazer tattoos, realizar shows e festas, levar shows de energia e sincero pro publico sempre e mostrar que hardcore alem de vertente do Rock é estilo de vida, ou você vê um cara de corpsepaint na fila do banco ou correio? Eu vou no banco, correio, faculdade, festa, reuniões do mesmo jeito que subo no palco ou vou no ensaio, não são minhas roupas, fantasias é o que carrego na mente e coração.
Estamos com 5 novas musicas e em breve um novo EP, sou adepto do EP por causa de bandas européias, antes 3 musicas boas do que 14 faixas com 3 foda e 11 meia boca, mas isso é opinião minha e a banda é doida acaba comprando a idéia.

Mais uma vez muito obrigado Fabio, espaço livre agora para deixar uma mensagem aos leitores!

Faça mais e fale menos em tudo na vida!
Um dia tocaremos em SP com Questions se Ozzy quiser!

Um grande abraço a todos vocês que se dedicam a ler essa entrevista, a você que ouve, curte bandas brasileiras e a vocês todos do blog/site!

Site do Venial:
http://www.venial.com.br/