2 de setembro de 2010

Entrevista - VENIAL


Há quase seis anos o Venial luta por seu espaço em um estado com pouca tradição no metal/hardcore, Mato Grosso. O vocalista Fabbio nos concede a entrevista tratando de temas que vão desde o surgimento da banda até como é ser um verdadeiro foco de resistência no centro-oeste brasileiro.

Antes de tudo, valeu mesmo por topar conversar com a gente com tanta prontidão! E para apresentar a banda, conte um pouco de como surgiu e qual a proposta musical do Venial.

Antes de chegar a Cuiaba-MT (extremoeste) eu vivia no MS, Campo Grande, la ja tinha integrado duas bandas da vertente Punk, uma Punk-HC Old e a segunda HC-Crossover. Vim pra Cuiaba com a perspectiva de não mais ter banda, apenas continuar no meio, fazendo festas, shows e curtindo as bandas, mas o HC falou mais alto pra variar.
Havia na época (e há!) apenas o Zagaia (malditos, foda!) nas ondas que eu curto desde muito tempo, fui a eventos e resolvi que deveria voltar a tocar mas não mais contra-baixo e no inicio como projeto apenas, se vira-se banda, beleza, sem stress!
Assim minha irmã disse que no curso de Direito dela havia uma amiga tattoo girl que tinha um namorado "meio que assim ô meu, tipo assim" kkkkk paulista hardcore, Dandy.
Dandy e Eu corremos atrás dos demais, entro Barbosa (vocal, eram 2), Fabrício (batera), depois Hordi (baixo), Dandy voltou pra SP, Ankh entrou, Barbosa e Hordi saíram entrou Cavalo no baixo e (Felippo por um curto período na outra guitarra), Icaro "Forte" na outra guitarra e por ultimo por motivos de distancia mesmo, saiu Fabricio Roder que convidou um amigo e musico Alan Servio pra manter a locomotiva nos eixos. Hoje Ankh (gt/back), Forte (gt), Cavalo (baixo/back), Alan Servio (batera) e Eu (apenas um vocal).

Sei que você gosta muito do hardcore moshante dos anos 90, quais as principais influências pessoais dessa época? E aproveitando, cite cinco bandas nacionais e gringas, daquelas que tem que ouvir pelo menos uma vez por dia.

Earth Crisis, Strife, Dowset, Biohazard e SOIA obvio! (Venial não é sxe ou vegan, mas tem um imenso respeito pela causa de bandas que são e gosta muito do som e a forma como compõem suas musicas e como lutam por seus ideais!)
Nacional:RDP, Questions, Sepultura, gosto muito de álbuns "datados" ou seja uma pena nao ter tido continuidade de coisas boas, mas em se tratando da época PNR e o álbum "Pau de dar em doido" do Surto antes da merda que fizeram assinando com a Virgin records. Ali se ouve o ex-batera da lendária Crosskill arrepiando nesse álbum do Surto. Mas hoje nacional gosto muito mesmo do Questions ao vivo! No CD é bom... Mas ao vivo é HCzão sem frescura! Tem duas bandas que me animam muito "Born From Pain" que não fica na onda da geral e sempre lança algo diferente e o "Morda", se tem uma coisa chata no mundo hoje é uma banda fazer algo legal e 200 mil bandas clonarem, Brasil mesmo ta um mar disso do Pop ao Pesado. Metal gringo eu não abro mão do Pantera, Megadeth e ouço (não ria) muito ACDC, The Who, Black Sabbath (só fase Ozzy), Misfits e Ramones.

Com certeza um dos destaques da banda foi o videoclipe de “Surtar A Dor”, realizado pela Toro Produções com direção do Pablo Menna (Questions), que já realizou trabalhos do Questions, Madball, Pavilhão 9, Sepultura entre outros grandes nomes. Conte um pouco como foi o processo, desde o contato, escolha de locação e gravação.

Eu já ouvia Questions sem a banda saber, normal, ai pintou um evento aqui, grande e a chance de indicar uma banda de HC foda, não pensei duas vezes indiquei aos organizadores que eles eram a banda certa! Na jogada toda falei com Menna da possibilidade de incluir uma direção de clipe, ele pediu pra ouvir o som, saber da banda e o resto é historia, me tornei mais fã e a Venial que não conhecia chapou no som dos caras ao vivo! Sem falar que pessoalmente os caras tranqüilos, profissa!

Vocês sempre estão envolvidos na organização de eventos por Cuiabá e região, como o Venial Mosh Fest. Como é manter a chama acesa no centro-oeste?

Eu realizava eventos desde CG/MS com Vaguinho (impossíveis, astronauta elvis) o Fabricio ex-batera fazia em Cuiabá desde sua ex-banda Extremunção, na Venial surgia necessidade de fazer pois os eventos que tinha na época não tinha como nos encaixar por questão de estilo mesmo, então metemos o pau! Com o tempo novas bandas de som crossover, thrash, punk, hc começaram sair da garagem do under. Ai rolou muita coisa dirigi uma radio fm comunitária bem no centro que tinha áudio na web, radio rebelde, ali começou eventos e parcerias, apresentei ainda em mais 3 rádios locais , sendo uma AM (rock, punk, metal no AM no extremoeste em pleno ano 2000 maluco, realizei um sonho!)e surgiu Nitro Rock Fest, Festival Kura (Sepultura no line), Blues n Roll (realizo pra por bandas de Rock e Blues e derivados pra tocar sempre que rola chance boa) ai veio ainda Encontro HC com 2 edições históricas e por ultimo as edições Venial Mosh Fest que nada mais é uma retribuição da VENIAL para novas bandas terem chance de tocar em equipamentos de ponta, valvulados, gabinetes 4x12 e ainda bandas antigas que piramos no som e tudo num único intuito, publico local merece!!! É como podemos retribuir, ver banda de gurizada 15, 16 anos plugar em amps fervendo e ver o sorriso da molecada ja vale muito é Rock mesmo bixo ou AMA ou diz que curte bla bla bla.


Acha importante o estilo DIY (do it yourself, faça você mesmo) dentro do underground?

Desde que seja limpo! Under é uma situação, local, momento importante em que se encontra tudo! Ser under não significa ser porco, sujo, hippie sujo, equipamentos toscos, desafinados, tudo feito de qualquer jeito, é simples, se quer uma esposa ou namorada massa ou vadia? Sua banda e suas atitudes e ações tem que ser assim, obvio que muita coisa é difícil poder comprar, mas pode se adaptar, pode não ter um valvulado, mas pode ao menos comprar um cabo P10 novo, corda decente, ter um afinador, saber representar o universo Under e ser cidadão como qualquer outro que paga impostos, tem direito e deveres e não é sujo e porco como muitos ainda vêem. Under nunca morrerá, estará sempre em ebulição, eu amo demais isso tudo! Falo como quem é do meio, vive isso, ouve, transpira isso 25h por dia mesmo no trabalho fazendo outras coisas estou sempre pensado o que fazer pra ajudar a tirar esses estigmas do Rock, do Under e principalmente do som pesado. Under nunca morre! DIY or Die!

Quais os planos do Venial para o futuro?

Tocar, rir com amigos, jogar bets (taco/bola) fazer tattoos, realizar shows e festas, levar shows de energia e sincero pro publico sempre e mostrar que hardcore alem de vertente do Rock é estilo de vida, ou você vê um cara de corpsepaint na fila do banco ou correio? Eu vou no banco, correio, faculdade, festa, reuniões do mesmo jeito que subo no palco ou vou no ensaio, não são minhas roupas, fantasias é o que carrego na mente e coração.
Estamos com 5 novas musicas e em breve um novo EP, sou adepto do EP por causa de bandas européias, antes 3 musicas boas do que 14 faixas com 3 foda e 11 meia boca, mas isso é opinião minha e a banda é doida acaba comprando a idéia.

Mais uma vez muito obrigado Fabio, espaço livre agora para deixar uma mensagem aos leitores!

Faça mais e fale menos em tudo na vida!
Um dia tocaremos em SP com Questions se Ozzy quiser!

Um grande abraço a todos vocês que se dedicam a ler essa entrevista, a você que ouve, curte bandas brasileiras e a vocês todos do blog/site!

Site do Venial:
http://www.venial.com.br/

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